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Rolha quebradiça significa que o vinho está estragado?

A rolha pode ser um bom indicativo, mas o fato de estar quebradiça não significa que mudou a qualidade do vinho

por Redação

Muitos apreciadores de vinho têm dúvidas sobre rolha quebradiça e se isso significa que o vinho está estragado.

“Abri um vinho tinto de 2010 e a rolha estava ressecada e quebradiça. A cor do vinho estava estranha e sem aromas frutados. Fui até a loja onde comprei e pedi para trocar. O lojista trocou, mas afirmou que o vinho não estava estragado. Abriu outro e estava igual. Peguei um vinho diferente e fiquei decepcionado com o vendedor por ele não ter admitido que estava estragado. Acho pouco provável, mas será que ele tem razão?”, questiona o leitor Rômulo Queiroz

O estado da rolha pode dar indícios de que o vinho dentro da garrafa não está em perfeitas condições. A cortiça pode estar ressecada, quebradiça, inchada, encolhida etc., por diversos fatores, como alterações de temperatura, manutenção em locais com umidade abaixo do recomendado, calor ou frio extremos, entre outros. É por isso que devemos sempre ficar atentos a alterações na rolha. No entanto, isso nem sempre quer dizer que um vinho está estragado.

A cortiça é um material “vivo”. Ela possui sua elasticidade natural, preenchendo os espaços para vedar a bebida sem que o ar possa entrar na garrafa. O oxigênio que “entra” é o que já estava dentro das células da cortiça que são pressionadas e segundo estudos científicos, a permeabilidade da rolha é um mito. Para manter essa elasticidade e capacidade de vedação, a rolha deve ser mantida em um ambiente com temperatura estável e relativamente baixa, além de umidade presente e constante. 
Caso haja pouca umidade, a rolha tende a ficar ressecada.

Já reparou que, em vinhos guardados durante muito tempo na geladeira, cujo sistema de refrigeração ajuda a retirar a umidade interna, a rolha quase sempre fica quebradiça? Vinhos nessas condições, mesmo que a rolha se quebre ao ser retirada, dificilmente estarão estragados.

Já vinhos correntes de safras não tão recentes, como no caso citado, que podem ter sido mantidos em locais de pouca umidade, com alterações de temperatura, etc., podem, sim, não estar em seu melhor momento para beber. Um vinho de 2010, por exemplo, pode ter passado por diversas situações que levaram ao ressecamento da rolha.

A cor “estranha” e a falta de aromas frutados, nesse caso, certamente devem-se ao envelhecimento, pois um vinho, principalmente os feitos para serem consumidos rapidamente, com dez anos provavelmente já não apresentará aromas frutados, mas sim, terciários (do envelhecimento na garrafa, que podem lembrar frutas secas, compotas, especiarias, café, madeira etc.) e não terá uma cor tão intensa, mas mais esmaecida, com tons alaranjados.

Tudo isso não quer dizer que o vinho esteja estragado. Ele pode apenas estar mais evoluído do que se espera. Isso também não quer dizer que ele esteja em um bom momento para ser apreciado, pois vinhos demasiadamente evoluídos, especialmente os que não são pensados para serem guardados, não oferecem grandes experiências de degustação, servindo apenas como curiosidade.

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